Rubio diz que os EUA vão "explodir" grupos criminosos estrangeiros se necessário

O secretário de Estado Marco Rubio disse que os EUA "explodirão" grupos criminosos estrangeiros se necessário, possivelmente em colaboração com outros países.

"Agora eles vão nos ajudar a encontrar essas pessoas e explodi-las, se for preciso", disse Rubio durante uma visita ao Equador.

Ele também anunciou que os EUA designarão duas das maiores gangues criminosas do Equador, Los Lobos e Los Choneros, como organizações terroristas estrangeiras.

Os comentários foram feitos dias depois de as forças americanas realizarem um ataque a um barco no Mar do Caribe. A Casa Branca afirma que o ataque matou 11 traficantes de drogas, embora não tenha divulgado suas identidades.

Questionado se contrabandistas vindos de aliados dos EUA, como México e Equador, poderiam enfrentar "execução unilateral" pelas forças dos EUA, Rubio disse que "governos cooperativos" ajudariam a identificar os contrabandistas.

"O presidente disse que quer declarar guerra a esses grupos porque eles vêm declarando guerra contra nós há 30 anos e ninguém respondeu.

"Mas não há necessidade de fazer isso em muitos casos com governos amigos, porque eles vão nos ajudar."

Os governos equatoriano e mexicano não disseram que ajudariam com ataques militares.

Após o ataque de terça-feira ao navio no sul do Caribe , o presidente Donald Trump disse que a operação militar tinha como alvo membros da gangue venezuelana Tren de Aragua enquanto eles transportavam narcóticos ilegais para os EUA.

Especialistas jurídicos disseram à BBC Verify que o ataque pode ter violado os direitos humanos internacionais e o direito marítimo.

Na noite de quinta-feira, o Departamento de Defesa acusou duas aeronaves militares venezuelanas de sobrevoarem uma embarcação americana em um "ato altamente provocativo, projetado para interferir em nossas operações antidrogas". A Venezuela ainda não respondeu à acusação.

Também na quinta-feira, Rubio anunciou que Washington emitiria US$ 13,5 milhões (£ 10 milhões) em ajuda de segurança e US$ 6 milhões em tecnologia de drones para ajudar o Equador a reprimir o tráfico de drogas.

A violência no Equador aumentou nos últimos anos, à medida que gangues criminosas lutam pelo controle das lucrativas rotas de cocaína

De acordo com dados do governo, cerca de 70% da cocaína do mundo passa pelo Equador em trânsito de países produtores vizinhos, como Colômbia e Peru, para mercados nos EUA, Europa e Ásia.

Essa designação foi desejada pelo presidente equatoriano Daniel Noboa, que descreveu sua repressão às gangues criminosas como uma "guerra".

Em uma entrevista à BBC no início deste ano , ele disse que ficaria "feliz" se os EUA considerassem Los Lobos e Los Choneros como grupos terroristas porque "é isso que eles realmente são".

Ele também disse que queria que os exércitos dos EUA e da Europa se juntassem à sua luta.

Noboa está tentando mudar a constituição do Equador para permitir bases militares estrangeiras no país novamente — depois que a última dos EUA foi fechada em 2009.

A designação significa que os EUA podem ter como alvo os ativos e propriedades de qualquer pessoa associada aos grupos e compartilhar informações com o governo equatoriano sem limitações, para que ele possa tomar ações "potencialmente letais".

A crescente violência dos cartéis no Equador também tem sido um fator impulsionador da migração do país sul-americano para os EUA.

De acordo com especialistas em leis de imigração, não está claro se designar cartéis como organizações terroristas pode ajudar ou atrapalhar suas vítimas que buscam asilo nos EUA.

Por um lado, isso pode significar que eles agora são considerados vítimas de "terrorismo", mas, por outro lado, alguns temem que aqueles que tiveram que pagar extorsões a gangues possam ser penalizados por "apoiá-las materialmente".